domingo, 20 de janeiro de 2013

CONHECIMENTO – PARA ALÉM DO PÉ DE PEGA-PINTO




Hoje eu estava refletindo sobre o conhecimento e pensei que ele às vezes funciona como um pé de pega-pinto.

Quem é do interior com certeza já viu ou já ouviu falar de uma plantinha “que dá no mato”, chamada “pega-pinto”. A danadinha é miúda e como estratégia para reproduzir, a mãe natureza fez as suas sementinhas bem pegajosas, assim, quando elas pegam nos pintos, nas galinhas ou nas pernas de quem descuidadamente passa roçando nelas elas grudam e seguem seguras pelo restante do caminho.

            Onde eu vi tal relação entre o conhecimento e o pé de pega-pinto? Em uma observação inquietante que faço de mim mesma e certamente pode acontecer com outras pessoas também.  

            Estou lendo alguma coisa. Hábito que trago desde a infância aprendido com o exemplo da minha mãe que por sua vez assistia isso no seu pai. Os livros são, na maioria das vezes, rabiscados e anotados numa tentativa óbvia de que fiquem gravadas em minha memória as coisas que considero mais interessantes ou importantes.

            Acontece que memorização é realmente o meu ponto fraco (no sentido de fraco mesmo, de deficiente). Tal dificuldade foi motivo das frustrações nos primeiros vestibulares. Desta forma, muitas vezes parece-me ser em vão as tentativas de fixar na memória aqueles conhecimentos ou informações mais complexas que recebo nas leituras ou até em outras fontes.

            Todavia, de outra forma, quando converso com alguém espontaneamente consigo perceber que os tais conhecimentos grudaram em mim como as sementinhas de pega-pinto e seguem comigo.

            A questão é que algumas situações, profissionais, ou mesmo conversas informais, exigem além da espontaneidade, exigem fundamentação para firmar crédito no conhecimento que expressamos. É neste ponto que me ressinto da dificuldade em memorização.

            Invejo aos que relatam de cor textos completos de outras pessoas, aos que citam autores famosos, aos que sabem de memória teses e nomes de quem as criou. Invejo aos que em conversa sobre um fato assistido na tv, por exemplo, conseguem ir além do fato em sim e dão maior crédito narrativa descrevendo o local, a data e outras informações relevantes.

            Pensando nisso, veio à minha mente agora a importância de exercitar no aluno desde muito cedo a sua memória. Tudo bem que os pesquisadores que dão embasamento a didática contemporânea construtivista (não vou citar os nomes porque não memorizei, rsrsrs) se contrapõem, com razão, aos métodos de educação baseada unicamente na memorização enfadonha da Pedagogia Tradicional. Mas daí a gente descartar totalmente o valor dos exercícios para se ter uma boa memória, é um desastre.

            Se este meu escrito fosse um artigo científico eu iria buscar embasamento para mostrar que na maioria das vezes em que surge uma contraposição teórica, ela é aceita de uma forma tão radical, que chega a ser prejudicial. É com esse radicalismo que precisamos estar atentos.

            Ter conhecimentos do tipo “pega-pinto” é realmente muito bom, mas devemos garantir aos novos estudantes a capacidade de arquivar informações concretas para serem mencionadas conscientemente.


            Eu penso aqui em jogos como o próprio “jogo da memória” e outras formas lúdicas de exercícios como esta função. Tais exercícios certamente iriam aumentando o seu grau de complexidade de acordo com a idade e com o ritmo e capacidade cada aluno.

            Assim, talvez, houvesse futuramente menos sofrimento como o meu.


PS: A fonte da imagem é também uma fonte de maiores informações sobre a plantinha aqui mencionada, o pé de pega-pinto. Vejam lá:    
http://trupemaia.blogspot.com.br/2007/11/histria-do-pega-pinto.html