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Ao ler um dos textos do Professor José Pacheco, resolvi fazer uma reflexão acerca da atuação dos professores da educação Infantil, entretanto é importante chamar atenção para a forma como estes e outros profissionais da Educação atuam e o valor que eles tem perante a comunidade envolvida no âmbito educacional. Geralmente, os educadores que não atuam em sala de aula possuem um status profissional maior que os demais, devido aos chamados cargos superiores como coordenação, direção e supervisão, mesmo que o cargo, entendido como inferior, contenha um profissional mais gabaritado, o simples fato de ser professor de sala de aula faz com que ele pareça menos importante e isso é refletido, inclusive nas questões salariais. Partindo pela hierarquia institucional encontram-se professores que são privilegiados com maiores salários, com vale alimentação, melhores escolas em melhor localização e até melhores classes, devido ao seu tempo de trabalho na Instituição. Enquanto o professor mais recruta recebe tudo ao contrário, salário menor sem vales qualquer coisa, não tem escola sede e muitas vezes não tem nem classe para ensinar, ficando a mercê do cargo de substituto efetivo, independente de títulos e mesmo que ambos lecionem a mesma disciplina. Esta situação é muito comum em escolas públicas desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Outras Instituições oferecem maior valorização aos títulos, o que é muito justo, devido ao investimento de tempo e recursos para uma formação, geralmente, acessível a poucos educadores. Por exemplo, o professor que possui Doutorado tem uma remuneração maior do que aquele que é Mestre e este tem a sua superior a do professor com especialização lato-senso, mesmo que ambos sejam docentes das mesmas turmas ou lecionem a mesma disciplina. E esta situação é comum em Instituições privadas. De acordo com estas observações, é possível perceber que o menos importante é a atuação docente, contudo seria injusto dizer que não há exceções, além das avaliações institucionais onde o aluno não escreve o que pensa, apenas marca um X no BOM, REGULAR ou RUIM para descrever a atuação profissional do educador avaliado. “Dar aulas” não é menos importante do que o trabalho que alguns professores realizam fora da sala de aula em cargos diferenciados. Mas o melhor professor não deve virar coordenador ou diretor, ele deve ser valorizado por aquilo que ele faz de melhor que é ensinar, não faz sentido o melhor professor ter que deixar as aulas para ser reconhecido e valorizado como tal. Sendo assim, com esta idéia levada a uma reflexão sobre a docência na Educação Infantil, entendemos que o professor que atua neste seguimento encontra-se no mais baixo nível da escala, pois não há atuação em sala de aula mais intensa que a destes profissionais, muitas vezes com uma formação limitada ao antigo Magistério, sendo que é possível encontrar pessoas, geralmente mulheres, sem formação específica alguma, bastando ser alfabetizada para trabalhar nas creches ou escola maternal. O que pode ser considerado como um absurdo para alguns é o suficiente para outros, pois são apenas bebês e crianças pequenas a serem cuidados. Há quem acredite (gestores, pais e até professores) que atuar na Educação Infantil requer apenas gostar de criança, para algumas pequenas escolas, ainda que sejam poucas, o requisito mínimo é ser mãe para: brincar, trocar fralda, dar banho, educar, tomar conta enquanto os pais estão trabalhando, ou seja, CUIDAR. Então, partindo deste pressuposto pode-se afirmar que o TIO ou TIA da “escolinha” faz muito mais do que qualquer professor da Educação Básica ou Superior, além de ensinar as primeiras lições este profissional deve representar a figura parental em vários aspectos. Se for assim não pode ser qualquer pessoa que, goste de criança, a atuar na Educação Infantil, além da graduação em pedagogia se faz necessária uma vasta educação contínua, pois quanto menor é a criança maior deve ser o planejamento e quando falamos de criança não se pode deixar de falar do brincar, que para muitos não é coisa séria, mas para o desenvolvimento integral da criança é fundamental, por isso quanto menos papel tiver na educação infantil, melhor. E para planejar o brincar, além de saber brincar é necessário conhecer de Psicomotricidade. Por isso o docente da Educação Infantil deveria ser respeitado como os demais educadores pela comunidade escolar e deveria ser mais valorizado financeiramente pelas Instituições de Ensino sejam elas públicas ou particulares. Além disso, a criança é um ser humano como qualquer outro, ela não é um saco de xixi, coco, choro e gracinhas, como pensam alguns, a criança pensa, entende e aprende desde a concepção por isso merece o mesmo respeito e consideração que um colegial rebelde ou universitário polêmico. Enfim, se a Educação Infantil é considerada a BASE de toda esta estrutura chamada EDUCAÇÃO, então porque, supostamente ou teoricamente, os menos capacitados é que educam as nossas crianças? Porque os “tios” e “tias” da “escolinha” não tem o mesmo respeito da sociedade que um professor universitário, ou médico, ou advogado? Fica esta questão para nós refletirmos.
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