terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A LUTA POR UMA VAGA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

            Hoje, 24 de janeiro, foi o primeiro dia previsto para matrículas na rede municipal de ensino de Natal RN e, como sempre acontece, acabou sendo o último. Trinta vagas foram oferecidas no Centro Infantil Saturnina Alves, localizado na zona oeste. As pessoas começaram a formar a fila desde á tarde de ontem, dispostas à enfrentar a noite chuvosa para garantir ao amanhecer a vaga para matricular seus filhos. Cadeiras, lençóis e até colchões, compunham um quadro cruel que se repete em quase todas as unidades publicas de ensino por todos os anos.
Ás sete horas da manhã, horário previsto para o inicio das matriculas as fichas foram distribuídas, excluindo todo um restante que acreditando na sorte teimaram em arriscar a uma vaga e no final contabilizaram uma noite de sono perdida e a incerteza de como será o ano de 2012 sem ter onde deixar o filho para poder trabalhar.
Sem condições alguma para atender aos excedentes nós registramos os dados de seus filhos em uma lista de espera onde a “esperança” de ser atendido é praticamente impossível. Neste instante, ouvir as necessidades daquelas pessoas gera um sentimento de impotência, tristeza e revolta com toda essa sociedade que não consegue sequer garantir um lugar para acolher e educar as suas crianças.
Parece que não tem muita valia o destaque recebido pela educação infantil na nova LDB, inexistente nas legislações anteriores. Na Seção II, do capítulo II (Da Educação Básica), ela é tratada nos seguintes termos: Art. 29 A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem com finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
Mesmo desconhecendo a lei, de uma forma ou de outra, aqueles pais parecem reconhecer mais a importância dessa etapa da educação do que os esclarecidos representantes que eles elegeram. Embora isso não represente muita vantagem visto que retornam para casa sem vislumbrar nenhuma arma de luta contra o descaso com as suas necessidades.
Aqui não está apenas um problema do presente, mas, principalmente do futuro. Quem conhece o local e a realidade em que vivem muitas dessas crianças arrisca prever: Á margem da educação elas inevitavelmente acabarão reproduzindo os comportamentos e ideologias dos exemplos que estão ao seu alcance, daqueles que constroem a sua identidade impondo-se através da violência ou, no caso da maioria das meninas, buscando a aceitação dos outros no oferecendo o seu corpo.
Diante de tudo isso, mesmo sabendo que esclarecer as pessoas a respeito desta realidade já é uma tomada de atitude, é impossível não experimentar o sentimento de impotência e, arriscando os ares de ingenuidade bradar aos nossos políticos: - E agora, quem poderá nos defender????

Nenhum comentário :

Postar um comentário